terça-feira, 23 de outubro de 2012

Fine?

Não, nada está bem. Meu corpo e minha mente expressam isso mas á todos coloco um sorriso nos lábios e finjo estar tudo mil maravilhas. Eu peço e grito por socorro, talvez nem eu mesma o queira mais.... queira sumir para o nunca mais. Ontem me cortei muito e fundo o sangue escorrendo me deu uma sensação eufórica que há muito não sentia, hoje me corto e não sinto mais. Sinto uma tristeza enorme tomando conta de mim e do meu coração. Já não sei como agir, o que fazer, o que pensar. Ando inerte em minha própria vida como sempre foi e acho que sempre será. A vida já não tem sentido, esse corpo marcado pela vida, as marcas da vida o cobrem. O sangue marca de cor minha vida preto e branco, mereço sentir essa dor, preciso! Se cortar vai adiantar? Julgamento de pobres ignorantes que não entendem a necessidade de ao menos se sentir por um instante ainda viva. Como eu queria ser normal uma vez na vida ou nunca ter feito meu primeiro corte, ou nunca ter sentido esse vazio antes. Tão complexo de sentir, tão complicado de se entender e descrever. Já não choro, o silêncio me dói mais. Estou ciente de tudo que estou fazendo e sinto mais. Estou cansada de ver coisas, pessoas, ouvir coisas... Ontem a mulher de branco sempre presente me deixou ao pó, hoje não a vejo mas sinto a presença dela perto de mim. Ela parece não mais me assustar mas  está perto, sei que está. Não sei até quando isso vai... Me sinto cada dia mais louca mas não tenho forças de colocar um basta em tudo... Acho que esta música define tudo que sinto no momento e sempre me define...

Clarisse - Legião Urbana 
Estou cansado de ser vilipendiado, incompreendido e descartado
Quem diz que me entende nunca quis saber
Aquele menino foi internado numa clínica
Dizem que por falta de atenção dos amigos, das lembranças
Dos sonhos que se configuram tristes e inertes
Como uma ampulheta imóvel, não se mexe, não se move, não trabalha
E Clarisse está trancada no banheiro
E faz marcas no seu corpo com seu pequeno canivete
Deitada no canto, seus tornozelos sangram
E a dor é menor do que parece
Quando ela se corta ela se esquece
Que é impossível ter da vida calma e força
Viver em dor, o que ninguém entende
Tentar ser forte a todo e cada amanhecer
Uma de suas amigas já se foi
Quando mais uma ocorrência policial
Ninguém me entende, não me olhe assim
Com este semblante de bom-samaritano
Cumprindo o seu dever, como se eu fosse doente
Como se toda essa dor fosse diferente, ou inexistente
Nada existe p'rá mim, não tente
Você não sabe e não entende
E quando os antidepressivos e os calmantes não fazem mais efeito
Clarisse sabe que a loucura está presente
E sente a essência estranha do que é a morte
Mas esse vazio ela conhece muito bem
De quando em quando é um novo tratamento
Mas o mundo continua sempre o mesmo
O medo de voltar p'rá casa à noite
Os homens que se esfregam nojentos
No caminho de ida e volta da escola
A falta de esperança e o tormento
De saber que nada é justo e pouco é certo
De que estamos destruindo o futuro
E que a maldade anda sempre aqui por perto
A violência e a injustiça que existe
Contra todas as meninas e mulheres
Um mundo onde a verdade é o avesso
E a alegria já não tem mais endereço
Clarisse está trancada no seu quarto
Com seus discos e seus livros, seu cansaço
Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola
E esperam que eu cante como antes
Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola
Mas um dia eu consigo resistir
E vou voar pelo caminho mais bonito
Clarisse só tem quatorze anos


Nenhum comentário:

Postar um comentário